segunda-feira, 21 de julho de 2014

A Peppa e os valores que ensinamos aos nossos filhos.


Ontem, eu vi uma colega comentando no facebook como o filho dela gosta do desenho da Peppa. Pra quem não conhece, o desenho é sobre a rotina de uma familia de porquinhos, a personagem principal é a Peppa, filha mais velha que deve ter em torno de 5 anos e conta a rotina de brincadeiras na vida da criança. 


Parece muito bonitinho, não é mesmo? Então fui mostrar para o meu bebê e já no primeiro episódio que eu vi, eles passaram o desenho inteiro procurando os óculos do Papai Pig e quando encontraram, ele estava sentado em cima deles, então, eu ouço a Peppa se dirigir à seu pai: Papai bobinho. 
Muita gente já argumentou comigo que esse jeito dela falar com o pai é "carinhoso". 
Eu não concordei, mas, passadas algumas semanas, tentei dar outra chance ao desenho. Desta vez, além do "papai bobinho" que se repetiu, percebi que a Peppa faz graça com o "barrigão do papai".
 É carinhoso, me falaram novamente.
 Acontece que o papai não parece achar muita graça na "brincadeira carinhosa".  Ele fala que não gosta que falem de sua barriga, mas a brincadeira continua, com a mamãe dando risada, também. 
Vendo essas situações, eu me perguntei, quais os valores que estamos passando para os nossos filhos, diante de exemplos como esse?
Todos os dias nos deparamos com situações de desrespeito e falta de civilidade, mas parece que apenas nos importamos quando somos o lado prejudicado. Cada vez que se para onde é proibido "só por um minutinho", que se passa na frente dos outros numa fila, se esta perpetuando esse "jeitinho brasileiro", que nada mais é que o "tirar vantagem em tudo" amenizado por palavras mais bonitinhas. 
Hoje, vejo que muitas crianças são tratadas como brinquedos engraçadinhos, os adultos parecem não se policiar no seu linguajar ou no seu comportamento perto delas. Se estão assistindo a um jogo de futebol, não hesitam em gritar palavrões contra o juiz. No trânsito, buzinam, usam e abusam da luz alta, e novamente, muitos palavrões. Diante de determinadas situações, exibem às crianças todo o seu preconceito, racista, homofóbico, de  classes sociais. 
Como serão, no futuro, essas crianças que crescem achando que tudo isso é o correto? Os pais, avós, cuidadores são os grandes exemplos para as crianças. Se os adultos fazem, é porque esta correto. E eu me pergunto, isso é o correto? 
Por isso, voltando ao desenho da Peppa, eu acredito que há muitas outras formas de brincar com os pais, sem usar esse tipo de vocabulário, sem "ofensas carinhosas", sem fazer graça das condições físicas de cada um.
Se uma criança, com 5 anos, aprende que pode usar esse vocabulário com os seu pai, com a sua mãe, como você vai ensinar a ela que não pode mais usar essas palavras quando ficar mais velha? O importante, na educação, é a base. O uso carinhoso das palavras, a educação, o respeito, a civilidade, o caráter são formados desde bebê. 
É por isso que, nunca mais, meu filho assistiu a Peppa, e eu estou ficando cada vez mais "chata" com a educação das pessoas que convivem com o meu bebê e com a minha, afinal, eu também falo uns palavrões de vez em quando.
Eu quero criar não apenas um bom filho, mas um bom homem, digno e de boa índole e para isso, preciso me empenhar desde já. 


sexta-feira, 18 de julho de 2014

Viajando com o bebê


Meu bebê viajou a primeira vez comigo por volta de seus 40 dias de vida. Fomos para a praia. Parece loucura? E foi, mesmo! 
Acho que estavamos ficando meio malucos de ficar presos dentro de casa desde o nascimento do bebê. Era janeiro, estava calor, estavamos de ferias, o bebê era saudavel, não resistimos. Montamos no carro e fomos pra Santos. O detalhe é que estavamos morando há uns 1000km de Santos....


A viagem até que foi tranquila, a gente parava pra ele mamar, e nos postos para trocar a fralda, só uma vez, que tivemos que fazer uma parada de emergencia em baixo de uma árvore, porque ele fez cocô e estava chorando desesperadamente....
Ficamos 5 dias no hotel, e foi uma experiencia e tanto. Vou passar alguns pontos que deram certo!
- levei a mesma mala que havia levado pra maternidade. Coloquei cerca de 2 conjuntos de roupinhas para cada dia, mais uma roupinha pra dormir. Mas claro, que no segundo dia, já estava tudo bagunçado, mas a quantidade deu muito bem. 
- levei duas mantas, porque sabia que naquele calorzão a gente ia acabar ligando o ar condicionado, e eu queria que ele ficasse quentinho.
-levei também 2 toalhas, 1 frasco de sabonete pro corpo todo, creme de assadura e um pacote grande de fraldas. Eu sei que a gente estava numa cidade grande e se faltasse alguma coisa, era só ir comprar, mas ter na mala é tão menos estressante do que ter que sair correndo atras de achar uma farmacia... Não precisei comprar nada dessas coisas, tudo deu e sobrou.
- o carrinho foi uma verdadeira mão-na-roda! Além de facilitar nos passeios, era onde ele dormia, então, não precisei levar nenhum tipo de berço. Nem pegar o do hotel. ( não vejo nenhum problema em pegar o do hotel, se o bebê fosse um pouquinho mais velho, mas com 40 dias, preferi que ele ficasse nas coisinhas dele, mesmo!)

- para o banho, fizemos uma gambiarra... A gente colocava as roupas de banho, o meu marido entrava no chuveiro com ele e segurava, enquanto eu ia lavando. Logico que virava uma bagunça, mas o bebê parecia adorar, e a gente também se divertia muito e novamente, não precisamos levar banheira, nem pegar a do hotel. 
- a rotina dos passeios seguia a rotina do bebê, ou seja, pra almoçar, a gente sempre esperava dar o horario dele mamar, e depois saía com ele dormindo. O que tornava tudo muito mais tranquilo. Claro que não deu 100% certo, mas posso dizer que almoçamos e jantamos tranquilamente quase todos os dias. 

 no horario que quase todo mundo estava na praia, a gente estava sempre em algum lugar coberto, shopping, restaurantes, e quando era final de tarde, a gente ia para o calçadão com ele, e fomos na areia, e até colocamos os pezinhos dele no mar, claro!! 

- o principal cuidado que eu tomei foi com a higienização dele e das coisinhas dele. Usei e abusei do soro fisiológico nasal e tomei muito cuidado com as mudanças bruscas de temperatura. Como ao entrar num local fechado e com ar condicionado vindo da rua, onde estava muito calor. Eu sempre tinha uma roupinha mais quente, ou uma manta para cobri-lo, antes de entrar. 
Fazendo tudo isso, nossa viagem foi um sucesso!!! Ou seja, se você não ficar com neuras, dá pra fazer de tudo com o seu bebê, rindo dos problemas - como ele fazer um cocozão no restaurante, ou resolver abrir o berreiro toda vez que entrava no saguão do hotel - e respeitando o tempo do bebê. 
Depois dessa primeira viagem, nós fizemos muitas outras - muitas mesmo- antes de ele completar 4 meses, e mantivemos praticamente a mesma rotina que fizemos nessa primeira viagem. A grande diferença foi quando ele cresceu e não conseguia mais deitar no carrinho. Nossa solução? A gente usava as almofadas do sofá que tem no quarto para improvisar uma caminha pra ele, ao lado da nossa! Parece loucura, mas deu muito certo!!!! E assim, ele foi acostumando a ter o cantinho dele, mesmo na bagunça que foi a nossa vida por cerca de 1 mes, antes de nos mudarmos para São Paulo, quando o Vince estava com cerca de 4 meses. 
Nesse ponto, eu até acho que a gente podia ter comprado um moises, que pra mim, só tem essa função: servir de bercinho quando você esta fora de casa, mas acabamos improvisando, mesmo... 

Viajou com o seu bebê pequenininho? Vai viajar? Conta pra gente a sua experiência!!! 
Bjos. 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Um bebê pra você amar


Hoje, eu estava me recordando de uma conversa que tive com uma amiga há cerca de 7 anos atras, ela havia acabado de ter sua segunda filha e eu nem sonhava em ser mãe ainda. Ela me falou: eu não amei a Laura no primeiro instante que a vi. E eu pensei: que doida! E o amor louco, de mãe para filho, que todo mundo tanto fala? 
Passados alguns anos, eu recepcionei um bebê, de uma mãezinha que já tinha tido mais de 1 aborto, ela passou a manhã toda me contando do quanto ela queria aquele bebê, me mostrou as roupinhas, me contou da escolha do nome. Quando o bebê nasceu, ela chorava muito, feliz, emocionada. Eu encostei o bebê bem pertinho do rosto dela e ela olhou pra mim e disse: que cheirinho bom. Eu sorri pra ela, mas na verdade estava pensando: cheiro bom? O bebê deve estar cheirando a liquido amniotico e sangue... 
Então, anos depois, era eu que estava esperando para começar minha cesarea. Eu me lembro do momento exato em que vi o rostinho do meu bebê pela primeira vez, me lembro do que senti e do que pensei. Minha primeira reação foi olhar para o meu marido e perguntar se estava tudo bem, essa era a minha maior preocupação, que algo desse errado no momento do parto. Depois que ele disse que sim, foi que eu consegui olhar de verdade para o rostinho do meu bebê e a sensação foi.... estranha. Sinceramente. 
Eu olhava pra ele e via uma cara amassada e um nariz de batata. Estava feliz e aliviada por ele estar corado e respirando, mas só. 

O que eu quero dizer, ao contar sobre esse primeiro contato com o bebê é que o amor pode não acontecer imediatamente. Que algumas mães simplesmente amam, antes, durante e depois que o bebê nasce, mas que você não vai ser pior mãe se não amar imediatamente. Os sentimentos não podem ser impostos: toma o bebê pra você amar! Eu me lembro que olhava para o bebê e me sentia como se tivesse ganhado um brinquedo novo, que eu não sabia como brincar, era interessante, mas eu ainda não sabia direito o que fazer com ele. E então, eu me perguntava: aonde esta aquele amor louco que todas as mães -inclusive a minha - sempre me falaram??
O amor esta no convívio, no cuidado, no tempo que passa. Quando eu olho para trás, eu me lembro de sentir uma preocupação imensa, uma responsabilidade, uma necessidade de fazer o correto, mas hoje, 7 meses depois, não apenas a preocupação e a responsabilidade me fazem cuidar, ir lá no berço a noite toda pra ver se ele esta coberto, se esta quentinho, é um amor indescritível, gigante, que parece explodir dentro do peito. O amor de mãe. Aquele que me falavam. Aquele que fez a mãe gostar do cheirinho de seu bebê, mesmo que pra mim parecesse loucura naquele momento.
Eu vi esse amor no rosto de muitas mães, assim que o bebê nasceu, mas vi tantas outras, como eu, que apenas ficavam aliviadas porque tudo estava correndo bem. Então, não se sinta mal, se você estranhar um pouco aquele bebê quando colocarem ele em seus braços pela primeira vez. Dê tempo ao tempo, à sua vida, ao seu coração, que quando menos você perceber, vai ama-lo com todas as suas forças. 




terça-feira, 15 de julho de 2014

Amamentação: aprendendo com os erros

Pensando bem, mais do que dolorido, foi interessante reviver tudo que passei na minha tentativa frustrada de amamentar meu bebê, pois assim pude enxergar melhor os erros e conseguir ajudar as outras mães. 
Esse era um assunto que havia se tornado meio tabu pra mim, eu continuava passando para as mães que eu atendia, o mesmo discurso decoradinho, de tudo que sempre aprendi. Hoje, acho que sou capaz de fazer melhor do que isso! Eu posso dizer, do que eu passei na pele, o que realmente pode fazer a diferença!
O primeiro ponto é o que eu mais reforcei nesse Blog até agora: usar bem o tempo da Maternidade. Eu quase não tive auxílio no hospital, mas também não me manifestei. Devia ter chamado alguém, pedido ajuda. Então, a primeira dica seria: peça ajuda!!! A quem é treinado, como os profissionais de saúde e para quem tem experiência, sua prima, irmã, cunhada que amamentaram, também podem te ajudar a pegar o bebê, a posicionar pra pegar melhor, etc. 
O mais interessante é que eu já ajudei a posicionar o bebê de inúmeras mães, durante a estadia na Maternidade, ou seja, quando é no seu corpo, é diferente. Se você leu a respeito durante a gestação, fez curso de gestantes, e mesmo assim, não esta conseguindo, não hesite em pedir ajuda!!! Pode fazer toda diferença no final.
O outro ponto é estar preparada para a apojadura. Se o seu bebê ainda não estiver pegando super bem o seio quando o seu leite descer, é preciso fazer a ordenha para não empedrar! A bombinha parece o melhor caminho, mas, na maioria das vezes, não é! O melhor é a ordenha manual. Veja vídeos, converse com seu obstetra ou o pediatra que você escolheu, e faça a ordenha manual. Ofereça o seio ao seu bebê sempre que ele começar a buscar, muitas vezes ao dia, para que a própria sucção auxilie no esvaziamento das mamas. 
É importante fazer um adendo com relação à agua quente, nesse momento. O contato com a agua quente aumenta a produção do leite, então, se o seu bebê já não esta mamando muito ou não pegou adequadamente ainda, isso pode piorar a situação, mas também não significa que é pra se enfiar na ducha gelada. O banho tem que ser morno, e você se posiciona de modo que a água caia bem mais nas suas costas do que nos seus seios. A agua morna alivia a dor e o desconforto, principalmente, se o leite empedrar, e ainda ajuda na ordenha manual, mas é como eu disse: só um pouquinho de contato com a agua bem morninha, mais até pra fria, mas ainda confortável, do chuveiro, ok?!
Agora, vem um ponto delicado. O Banco de Leite. Apesar da péssima experiência que eu passei, eu conheço outros que são fantásticos, que realmente auxiliam as mães, ajudam na ordenha, no esvaziamento, na pega correta, na proteção do mamilo, etc... Então, eu continuo indicando que a mãe que esta com dificuldade de amamentação, procure um Banco de Leite, mas saiba que o processo de ordenha não dói, pode até haver um desconforto, mas não é pra ficar com hematomas, nem pra grudar na parede, querendo fugir do local! Isso é um erro cruel pra alguém que esta numa situação de vulnerabilidade. 
Amamentar é o maior ato de amor que a mãe pode ter com o seu bebê e não é porque pra mim não deu certo, que eu vou mudar essa minha opinião! O leite materno não tem substituto e é o melhor e o único alimento que o bebê deveria receber até os 6 meses de vida, e após, deve ser mantido até os 2 anos, ou até mais se assim for o desejo da mãe e do bebê, complementado pelos demais alimentos, adequados para cada fase de desenvolvimento da criança! Eu apoio e sempre vou apoiar, independente do que eu tenha vivido!! 


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Amamentação - quando tudo dá errado.

 Bom, não preciso nem dizer que, sendo pediatra, eu sei de todas as vantagens e benefícios que o aleitamento materno traz para o bebê. Que eu sei que o leite artificial, mesmo o melhor deles, não tem todos os nutrientes, na proporção adequada  e com a biodisponibilidade certa para o bebê. E nunca vai ter os anticorpos, tão importantes para prevenção das doenças, que a mãe passa do seu organismo, para o do bebê desde o primeiro contato. 
 E tem os fatores psicológocos também. Como o vínculo que se forma quando a boquinha do bebê se acopla perfeitamente ao seio materno. 
 O problema é que nem sempre dá certo...
 Quando o Vince nasceu, como eu já comentei, não tive muita ajuda na maternidade para posicionar o bebê. Eu tentava, pegava ele, posicionava do jeito que sabia ser o correto, prestava atenção em tudo: barriga com barriga, boca de peixinho, mão em C, etc, etc, etc... E o bebê, só chorava, desesperadamente, virava a cabeça, tentava escapar de mim... Uma luta. 
 Então, ele fez uma hipoglicemia (nível baixo de açucar no sangue) e teve que receber leite artificial, que ele aceitou super bem, conforme me contou a enfermeira. Quando a pediatra veio me ajudar a posicionar o Vince no seio, acho que ela ficou lá por quase uma hora, e nada, o bebê chorava que nem um maluco e ela só falava que se ele era ruim pra pegar, ela era pior que ele! Credo. Coitadinho do meu bebê....
 Recebi alta com o bebê sem pegar o peito, tendo feito hipoglicemia que só melhorava depois de tomar outro leite. Acho que é meio esperado que eu comprasse a primeira lata já no caminho da maternidade pra casa, né?!
 E assim foi, eu tentava em todas as posições, mas o bebê não pegava e todas as vezes que pegava, o fazia errado e começou a machucar todo o bico do peito. Meu marido olhava e falava: pra que isso? Ta todo mundo sofrendo, você, o bebê.... 
 Mas eu insistia, falava que sabia como fazer, que tinha que dar certo, mas sempre tinha que complementar com leite artificial, que ele aceitava tudinho e só depois dormia tranquilo...
Pra piorar, na noite do terceiro para o quarto dia pós-parto, eu fui dormir por volta da meia noite, numa boa, e acordei as 03h da manhã, com a apojadura plena!!! Meus seios estavam imensos, duros, muito doloridos. Confesso que fiquei desesperada!! Meu bebê não mamava quase nada, como iria dar conta de tudo aquilo?
 Quando ele acordou pra mamar, tentei colocar no peito, mas estava tão túrgido que ele não conseguia abocanhar, eu tirei, tentei ordenhar um pouco, mas com isso, o bebê ficou estressado por que estava demorando e abriu um berreiro gigante, e eu, nervosa também, comecei a chorar... 
Meu marido acordou, falou que não aguentava ver todo mundo nervoso e sofrendo e chorando, me acalmou, ninou o bebê enquanto eu fazia a mamadeira. O bebê mamou tudinho, arrotou e voltou a dormir. Só eu que não dormi. Triste porque tudo estava dando errado e também porque mal conseguia me mexer de tanto que doiam meus seios...
 No outro dia, a primeira coisa que fiz foi entrar em contato com o banco de leite da cidade. Afinal, foi isso que eu aprendi exaustivamente durante a minha Residência em Pediatria: problemas com a amamentação? Encaminhe para o Banco de Leite. 
 De tanto insistir, consegui o último horario naquele mesmo dia. Ainda tentei várias vezes colocar o bebê ao seio ao longo do dia, mas ele sugava pouco, abocanhava errado e chorava muito. E eu, tinha espasmos de dor, cada vez que ele tentava sugar....
 No horario marcado, fui até o Banco de Leite. As funcionarias, que me receberam e não se identificaram, me levaram a uma salinha, colocaram o Vince num bercinho ao lado da maca que ficava encostada na parede, onde me sentaram e disseram: encosta bem. 
Comecei a ficar um pouco nervosa, mas encostei as costas toda na parede. Elas pediram para que eu tirasse a blusa, e depois abriram meu sutien de amamentação, então falaram: ih, já está empedrando tudo. Vamos ter que tirar.
 Ok. Era isso que eu queria, mas nunca imaginei que seria daquele jeito.
 Cada uma pegou uma barra de gelo em cada mão, e começaram a, literalmente, espremer os meus seios com as barras de gelo. 
 Assim que elas começaram, doía tanto que meu cérebro pareceu congelar, eu tentava me afastar, colando as costas na parede e pensava: mas era isso que eu via na Residência? Foi isso que eu aprendi?? 
 Não sei quanto tempo durou, só sei que quando pararam, meu seios já tinham alguns pontos de hematoma. Elas pegaram meu bebê e foram tentar fazer ele mamar. Nessa hora, as lagrimas começaram a escorrer pelos meus olhos. Eu queria fugir desesperadamente dali. Elas tentaram, tentaram, o bebê não pegou, elas olharam o relógio, disseram que era hora de fechar, pra qualquer coisa, eu ligar pra marcar horário de novo. 
 Fui embora. Nunca mais voltei. 
 A noite, quando fui tomar banho, depois de outras tentativas, sem sucesso de fazer meu bebê mamar, meus seios doíam tanto que eu mal conseguia tocá-los. Saí do banho, sentei na cama, enrolada na toalha e chorei copiosamente, sem saber o que fazer, sem saber a quem recorrer.... 
Meu marido me abraçou e falou que nunca mais queria me ver sofrer daquele jeito. Procuramos vídeos de ordenha manual no youtube (isso mesmo, no youtube!) encontramos os da Sociedade Brasileira de Pediatria e de Ginecologia e Obstetrícia. Nenhum mostrava aquela sessão de tortura a qual eu fui submetida. Ele me ajudou e ordenhamos tudo durante horas, até melhorar.... 
 Desde aquele dia, não ofereci mais o peito ao meu bebê, não tinha condições físicas nem psicológicas para amamentar. 
 Deus me deu a graça de ter um bebê muito saudável, que mesmo não tendo mamado ao seio, nunca fica doentinho e eu agradeço à Ele todos os dias. 
 Hoje, eu uso minha experiência para preparar as mães para a amamentação, pra falar o quanto é importante os dias passados na Maternidade para aprender a cuidar do bebê e descobri que a prática pode ser bem diferente e muitas vezes, bem mais complicada, que a teoria. 

domingo, 13 de julho de 2014

Cadê eu?? - quando a vida vai voltando ao normal.

 Esse foi outro momento complicado após o nascimento do Vincenzo. Eu falava pro meu marido que o bebê ia nascer e tudo ficaria igual, a gente continuaria fazendo tudo que estávamos acostumados a fazer, era só levar o bebê. 
 Então... Não foi bem assim.
 No comecinho da vida do bebê, nos primeiros dois meses mais ou menos, ele precisa de muitos cuidados, muito empenho e dedicação. E chora. Nossa, como chora! 
 Eu e meu marido sempre fomos muito companheiros, em casa não tem: "amor, passa no mercado e traz a janta?". Aqui é: "amor, vou passar em casa, te pegar e vamos juntos no mercado comprar a janta."
 Quando o bebê chegou, não dava pra mais pra fazer assim, porque, depois que o bebê dorme, nessa fase, você não quer que ele acorde, pra vocês poderem ir juntos comprar a janta. E sempre um acabava indo sozinho... Pode parecer bobagem, mas isso representa a mudança da rotina do casal com a chegada do bebê e nem sempre é fácil de enfrentar.
 Infelizmente, para esse problema, não existe uma solução pediátrica, não existe uma saída, a não ser, o famoso "dar tempo ao tempo". 
 Nos primeiros meses de vida do bebê, nos dois primeiros, principalmente, o bebê não tem quase nenhuma interação com o ambiente nem com os pais, e com isso, os pais ficam exclusivamente na função de cuidadores, alimentando, limpando e acolhendo o bebê, mas a resposta dele é apenas um soninho tranquilo, ou o silêncio. Sim, o silêncio. Quanto mais conseguimos suprir as necessidades do bebê, menos agitado ele precisa ficar e você vai descobrir como o silêncio é bem-vindo.
 Passados esses dois primeiros meses, o bebê mais maduro vai começar a interagir mais com as pessoas e com o ambiente ao seu redor, ele já se entretém com móbiles, a maioria gosta de musicas, e a mãe começa a ter um pouco mais de tempo para si mesma. 
 Com quatro meses, minha vida já estava de volta! Com cerca de 3 meses e meio depois do parto, voltei a trabalhar, o bebê foi dormir no quarto dele, minhas noites melhoraram muito, eu já não tinha cara de zumbi no outro dia. 
 Eu sempre tive em mente que as coisas precisam ser planejadas para darem certo, lógico que eu tinha muita vontade de levar meu bebê pra minha cama, de pegar ele no colo quando chorava no meio da noite. E fazer adormecer no meu colo, então?! Nossa, é tão gostoso, e depois você pensa: até quando ele vai querer dormir no meu colo? Daqui a pouco é um mocinho, um homem, e eu vou ter perdido essa fase. Por isso que eu falo que cada família tem sua dinâmica, eu queria minha vida de volta, queria que o Vince se encaixasse na rotina que tínhamos antes dele nascer, mas isso não é uma verdade absoluta. 
 Algumas dicas que eu dou são recomendações pediátricas, como os fatores de proteção e risco para morte súbita, outras são apenas como eu apliquei o que eu sei sobre crescimento e desenvolvimento dos bebês, para conseguir a rotina que tenho hoje. 
 Hoje em dia, o Vincenzo esta com 7 meses, vai todos os dias para a escolinha, eu trabalho fora, meu marido trabalha fora, conseguimos levar ele para restaurantes sem ter que ficar passeando com ele pelo local, conseguimos sentar pra tomar um vinho na sexta a noite, depois que ele dorme e conversar a noite, antes de dormir, no nosso quarto, porque sabemos que ele esta dormindo tranquilo no quartinho dele. E também aproveitamos muito o tempo com ele quando estamos em casa, antes da hora de dormir, sentando no chão com ele para brincar. Mas, isso era o nosso objetivo, como eu disse, cada família tem a sua estrutura, nada esta totalmente certo ou totalmente errado. 

Olha aí o Vince no restaurante, final de semana passado!!! 
Vamos tirar as caraminholas da cabeça. Pra mim, deu certo assim, pra você esta dando certo de forma diferente? Ótimo!! Que tal compartilhar com a gente o que esta dando certo na sua casa?? Com certeza tem um monte de gente querendo umas dicas!!!! 
Bjão. 

sábado, 12 de julho de 2014

O soninho seguro e saudável.

Resolvi escrever sobre esse assunto quando a minha prima Andrea, que esta grávida do Rafinha, me fez algumas perguntas a respeito. 
Bom, eu basiei o soninho do Vince em tudo o que eu sabia sobre fatores de risco e proteção de morte súbita do lactente e também sobre como fazer com que ele tivesse um soninho saudável, que durasse a noite inteira e no quarto dele, quando chegasse o momento certo. 
Todos já ouvimos falar que os protetores de berço não são indicados ao nascimento, assim como os travesseiros, lençóis e cobertas soltas, bichinhos de pelucia, paninhos, etc... Mas o meu bebê não ficava nada confortavel naquele berço pelado e eu percebi que o soninho saudável não iria dar certo daquele jeito. Minha solução: o carrinho. 
No carrinho, meu bebê ficava aconchegado, eu conseguia colocar a coberta, por baixo dos bracinhos, pra minimizar o risco de encobrir o rosto, e deixava ele bem pertinho do meu lado da cama, o que facilitava pra mim, pra dar o mamar e pra ficar de olho nele também. Eu sabia que qualquer movimento ou barulho que ele fizesse, eu iria despertar. 
É importante lembrar que o bebê tem que dormir no quarto dos pais nos primeiros meses, mas não há um consenso sobre com quantos meses seria o ideal para a criança dormir sozinha. Eu coloquei o Vince pra dormir no quarto dele entre 3 e 4 meses, quando ele já dormia a noite inteira, na maioria das vezes. Eu ainda passei um bom tempo indo até o berço varias vezes por noite, pra acomoda-lo novamente ou colocar a chupeta, mas nessa fase, eu já não tirava ele do berço, nem dava mamar, só ficava do lado dele, com a mão nele, pra ele se sentir seguro. Até hoje, ainda deixo um banquinho estratégico do lado do berço. É sentar ali e ter muita paciencia. Nada de pegar no colo pra ninar, nem muito menos, mamar!! 

Outra coisa: ele nunca dormiu na minha cama! Realmente, colocar pra dormir na cama dos pais estraga tudo!! Tanto é fator de risco para morte súbita, quanto atrapalha muito o caminho para o soninho saudavel!!! 
Sempre mantive o quarto bem arejado. Quarto muito quente é fator de risco para morte súbita, assim como colocar muita roupa e aquecer muito o bebê. 
Ofereci a chupeta. A chupeta é fator de proteção de morte súbita! No caso de amamentação exclusiva, é importante que essa esteja bem estabelecida antes de iniciar o uso da chupeta, até porque, a amamentação exclusiva ao seio é o maior fator de proteção de morte súbita que existe! 
Desde pequenininho, fui acostumando o Vince a adormecer no local onde ele ia passar a noite. Isso não tem nenhuma relação com a morte súbita, mas é um fator fundamental para o soninho saudavel! Eu colocava ele no carrinho ainda meio acordado pra ele entender onde era o local de dormir, hoje, ele chora pra ir pro berço quando esta com sono. *Lindo!!*
O fundamental de tudo, para um soninho seguro e saudável é ter paciência, muita paciência. Como eu já disse em outro post, atenda prontamente o choro do seu bebê, mas não faça o resto com pressa, deixe-o mamar tranquilo, coloque pra arrotar e depois o aconchegue no berço ou carrinho, deixando suas mãos sobre ele, falando baixinho com ele, se ele gostar, até que ele durma de novo. A paciência é uma virtude imensa na maternidade!!
Vocês vão notar nas fotos que o Vince aparece dormindo no berço, que tem protetores de berços, cobertas soltas, travesseiros... Tudo errado, né?! Mas é que ele nunca aceitou dormir no berço pelado, e isso acabou resultando em noites muito mal dormidas, pra mim, no começo, quando eu acordava a noite inteira pra ver se estava tudo bem. Mas não é o recomendavel, tá?! Se o bebê de voces dormir sem, é o melhor! 
Uma coisa que eu fiz para tentar minimizar o risco do uso dos protetores de berços, foi colocar algo sob eles, para que não sobrasse aquele vão, entre o protetor e o colchão, pois se o bebê se virar no berço e colocar a cabecinha nesse vão, tem mais risco de sufocar. Eu coloquei uma centopeia de pelúcia de um lado e um travesseirinho do outro, dá pra ver nas fotos. 

No final, acho que  foi nesse ponto que eu descobri que nem tudo que sabemos é 100% aplicável, e foi a partir daí que eu comecei a tirar as caraminholas da cabeça e me esforçar pra ser a melhor mãe que eu consigo, sem neuras!!!!!

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Começando a conviver com o bebê

O que mais eu vejo e escuto por aí são os mil jeitos de lidar com um recém-nascido, desde aquelas famílias que estão totalmente entregues ao bebezinho e não largam a criança de jeito nenhum, até aquelas que tem tanto medo de "estragar" o bebê, de que ele "se acostume" com o colo, com o peito, com a chupeta, etc, que não pegam nem que o bebê se esgoele no berço. 
Vendo a frase acima, você deve estar pensando que o correto seria encontrar um meio termo, nem colo demais, nem peito de menos, mas a verdade é que não existe um "meio termo", existe o bebê, com todos as suas necessidades. Cada bebê é um, mas o jeito que temos que tentar fazer para as coisas darem certo é sempre bem semelhante, você vai entender...
O bebê acabou de nascer, o único mundo que ele conhecia era o ambiente intra-uterino, onde a temperatura era sempre constante e quentinha, a pele dele nunca havia tido contato com nada, roupas, fraldas, carinhos, toques, nada. Ele não respirava pelo nariz, o oxigênio vinha todo do sangue do cordão umbilical, que o ligava a mamãe de forma que os dois fossem apenas um organismo. Ele abria a boca e o liquido amniotico entrava, ele só tinha o trabalho de engolir, e o intestino estava quietinho, enquanto o ânus estava bem fechadinho, pra ele não fazer cocô dentro da barriga. O mundo do bebê era simplesmente perfeito. 
Aí, ele nasceu. Ele tem que colocar roupas e fralda, ele abre a boca e não entra nada, ele tenta sugar aquele seio desesperadamente, de qualquer jeito e parece que nunca enche a boquinha. Ele tem que usar o nariz para receber oxigenio, mas como dentro do útero o nariz estava repleto de líquido amniotico, agora, esta todo entupido, dificultando a passagem do ar. O intestino agora tem que funcionar, para colocar para fora toda aquela sujeira que ele acumulou durante a gestação, que é chamado mecônio, o cocô do recém-nascido, mas ele ainda não sabe controlar o ânus, então o intestino empurra o mecônio pra fora e o ânus não quer dar passagem.... O mundo do bebê, agora, se tornou muito complicado!
E quando o bebê sente todos esses problemas e incômodos, o que ele faz? Chora. E muito. 
Então, o bebê tem muitos motivos pra chorar, e não porque ele esta com fome ou com dor, ou tem cólicas, ele chora porque tudo é completamente diferente do que ele estava acostumado. E quem ele quer pra se sentir seguro e protegido de novo, frente a todos esses problemas? A mamãe. 
Nesse começo é importante atender prontamente o bebê, ele não entende nada, não tem nenhum tipo de memória ou aprendizado, ele precisa apenas se sentir seguro. Se ele chorar, não tenha o pensamento de deixa-lo chorar um pouco para não acostumar, ele não compreende. Se você deixa-lo chorar, ele só vai ficar mais e mais estressado. O bebê chorou, vá até ele, sempre com movimentos delicados, não arranque ele do berço, como se o mundo fosse acabar, se o ambiente estiver escurinho, não acenda a luz, abra um pouquinho a janela, ou acenda um abajur, se aproxime do berço e vá falando baixinho que a mamãe esta aqui, esta tudo bem. Ele não vai entender, lógico, mas ele conhece sua voz, e já vai saber que você chegou. Coloque as mãos sobre ele, confortando. Não precisa fazer carinho. Carinho é um ato social, aquele esfregar de mãos, a gente aprende que significa "fazer carinho", do mesmo modo que balançar as mãos significa "dar tchau". Então, apenas coloque as mãos sobre ele, uma sobre a cabecinha e outra sobre o torax, ou contendo os bracinhos. Lembre-se que dentro do útero, o espaço era pequeno, por isso o recém-nascido gosta de ficar contido. Se ele continuar chorando, pegue no seu colo e aconhegue nos seus braços, veja se não esta na hora de mamar, se ele não esta incomodado com uma roupa quente ou fria demais, se a fralda não esta muito cheia. Se estiver tudo certo e não for hora de mamar e ele continuar chorando, saia para caminhar com ele pela casa, vá conversando, cantando pra ele. Ou deite-se com ele sobre o seu colo, coloque-o de bruços sobre você, podendo até tirar a roupinha dele e a sua blusa, pra vocês ficarem pele a pele  um com o outro. Quanto mais proximo e ligado a você, o bebê se sentir, mais ele vai ficar calminho. 
Agora, ao contrario, se o bebê estiver quietinho, dormindo e não for hora de acordá-lo pra mamar, resista bravamente à vontade de pegar no colo, de passar a mão na cabecinha, de acariciar as mãozinhas e pezinhos, quanto mais quietinho você deixar o seu bebê, mais calminho ele vai ser. 
Imagine que você esta dormindo e vem alguem e te cutuca, você acorda assustada, vê que é alguem conhecido, e volta a dormir, só pra alguem vir e te cutucar de novo, pra novamente, você acordar sobressaltada, acho que isso iria te incomodar, não?! Vai acontecer o mesmo com o bebê. 
Por último, a historia de "trocar o dia pela noite". O bebê não sabe o que é dia e o que é noite, então ele não pode trocá-los! Ele dorme e acorda sem um ritmo certo, porque falta pra ele a produção de um hormonio que regula o nosso ritmo circadiano, que se chama melatonina. A produção desse hormônio aumenta quando estamos no escuro e no silêncio e cai quando estamos na claridade e no barulho, então, é muito importante, desde o nascimento, o bebê ficar na luz do dia, durante o dia (cuidado para não guardar o bebê dentro de casa o tempo todo na luz artificial!) e no escuro, durante a noite. Isso quer dizer que, mesmo que ele esteja dormindo, durante o dia, você deve manter as janelas abertas, luzes acesas, todo mundo conversando, TV ligada, etc... Uma casa normal. Mas, durante a noite, mesmo que o bebê chore, mesmo na hora de dar de mamar, tem que manter a luz apagada e a TV desligada, deixe uma daquelas luzinhas de tomada para você se locomover pelo quarto, e deixe tudo o mais escurinho e silencioso possível!
E, por fim, um ponto muito importante que eu tenho que comentar: eu fiz tudo isso, bem assim mesmo, com o meu bebê, me acharam meio chata no começo, porque eu não deixava que ficassem pegando no bebê, quando ele estava dormindo no carrinho. Podia olhar, mas não podia tocar. Mas deu certo!! Meu bebê cresceu calminho, dormindo super bem, acordando cada vez menos a noite pra mamar, até dormir a noite toda. Essa foto, dele dormindo tranquilo no berço, é a prova de que tudo valeu a pena! 
Quer contar como foi esse comecinho com o seu bebê? Como foi a sua experiencia? Sinta-se a vontade! Essa também é a sua casa!! 
Bjooos. 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

A difícil primeira semana pós-parto

Chegando em casa, depois da estadia no hospital, com o seu novo bebê nos braços, dá-se início a uma nova fase, totalmente emocional, pelo menos, ao meu ver. 
Apesar de ser médica, pediatra, nessa semana, eu gostaria muito de ter tido alguém que já tivesse vivido essa fase há pouco tempo, pra me ajudar e pra me falar que "ta tudo bem" ou "é assim mesmo". Mas, ao contrario disso, esperavam que eu soubesse o que fazer, soubesse o que esperar dessa fase tão nova pra mim quanto pra qualquer outra mãe de primeira viagem. 
Esse foi outro ponto que fez algumas coisas importantes não darem certo, o que é uma pena... Mas, vamos em frente.
Essa primeira semana é dolorida. Não tem outro nome pra ela. Doem os pontos da cesárea, ou da episiotomia (dependendo do parto que você teve), dói o seio, dói a involução uterina.... Dói no coração a insegurança, a responsabilidade, o cansaço, o medo.... Dói tudo....
Ah, como eu queria, mesmo, que alguem tivesse dito pra mim tudo que vou falar agora...
1) você não vai voltar imediatamente ao corpo que tinha antes da gravidez. Parece bobo dizer isso? Mas isso faz diferença na vida de praticamente toda mulher, nós somos vaidosas, passamos a vida pré-gravidez sempre nos preocupando em manter um corpo que nos agradasse e por mais que você tenha se cuidado na gestação, mesmo que você não tenha passado dos almejados +9kg durante toda a gestação, dificilmente você não vai sair da maternidade com suas roupas pré-gravidez, nem isso vai acontecer nessa primeira semana, ao contrário, muito provavelmente você vai inchar um pouco mais e só depois vai, aos poucos, voltando a ter o seu corpo pré-gravidez. Cuidado com o que a mídia mostra, o que as atrizes/cantoras/modelos mostram, aquilo não é a realidade, muito menos é  saudável! 
2) se você fez uma cesárea, o local da cicatriz cirúrgica vai ficar muito esquisito. Você vai ter a sensação de que o local esta sem sensibilidade, mas dói, ao mesmo tempo. Isso acontece porque as terminações nervosas foram cortadas para a cirurgia, e vai demorar muito pra voltar ao normal, mas aos poucos vai voltando. Pra vocês terem uma idéia, a minha demorou meses até ficar com a sensibilidade um pouco mais, digamos, normal, mas ainda é sensivel (minha cesárea foi há quase 7 meses!), ainda dói quando o cós da calça aperta, ou o bebê pisa sobre ela...
3) amamentar não é fácil e dói. Mesmo que você saiba a técnica correta de cor, mesmo que você já tenha orientado e posicionado muitos bebês ao seio, na sua vida (tá certo, acho que isso só quem é da área que fez, né?!) mesmo assim, é difícil. Antes do bebê nascer, leia muito a respeito, sinta o seu corpo, perceba o quanto você tem - ou não - vontade de amamentar. Não se julgue. Não se compare aos outros. Não deixe que te julguem. Só você vive a sua vida, sabe da sua força e de suas dificuldades. Prepare seu corpo, sua mente e também seus familiares para a sua decisão e saiba que você pode mudá-la a qualquer momento. 
4) cada um tem o seu tempo pra se adaptar às mudanças. A chegada do bebê traz uma mudança radical na vida da família e nem sempre todos assimilam essa mudança no mesmo tempo. A mãe é meio que obrigada a viver essa mudança a partir do exato momento em que o bebê nasce, mas esse bebê já fazia parte da vida dela, de um jeito ou de outro, é a mãe que sente o bebê se mexer, que acompanha ele crescer, que acaricia, que conversa com ele, tudo desde antes dele nascer, os outros membros da família, por mais participativos que sejam, não tem o mesmo vínculo, não vivenciaram na pele tudo que a mãe viveu. Então, deixe que os outros conheçam o bebê. E isso inclui o pai. Não force ele a fazer as coisas, não imponha a responsabilidade, deixe que ele se envolva gradualmente. Ele vai aprender a amar aquele bebê, acaricia-lo e aceitar a mudança que ele trouxe na vida do casal. As coisas acontecem aos poucos.
Alias, esse é exatamente o último tópico.
5) dê tempo ao tempo. Hoje em dia, estamos acostumados com tudo imediato. Algo acontece do outro lado do mundo, imediatamente, está nas redes sociais, espalhando fotos e filmagens por todo o planeta. Quando usamos o computador, esperamos que tudo seja imediato, se apertamos o "enter" e "não vai", ficamos clicando repetidamente a tecla até "ir", nervosos com a demora. O que fazer com o corpo humano nesse momento em que tudo parece ser "pra ontem"? A cicatrização que demora pra acontecer, o útero que demora para involuir, o leite que demora pra descer... O bebê tem que sugar, pra mandar um sinal para uma glândula no cérebro que tem que mandar um sinal para as glândulas do seio, pra produzirem leite e ainda mandar um sinal para os músculos para ejetarem o leite... É muito longo esse caminho, é tudo muito lento... Mas é assim que deve ser. Compreenda que cada corpo tem o seu ritmo e o seu tempo, relaxe, aproveite os momentos com o bebê, mesmo que ele chore, mesmo que você se sinta insegura, olhe para o seu bebê, demore-se com ele em seus braços, até vocês se conhecerem, se reconhecerem, para que as coisas comecem a entrar nos eixos. E elas vão entrar, com calma, paciência e sem neuras.
Esse da foto é o meu bebezinho, na sua primeira semana. ❤️

A alta da Maternidade

Bom dia!!!! Hoje vamos falar do momento da alta hospitalar
O primeiro ponto que tenho que comentar é sobre a tal "roupa de saída da maternidade". Meu Deus, essa foi mais cara que a "primeira troca"!!! E, como já devia ser o esperado, não foi usada...
Lembro-me que o meu bebê chegou do berçario, onde foi examinado pela pediatra, e eu já imaginava que receberia alta, meu obstetra já havia passado e me falado da alta. Bom, o bebê chegou e estava com a roupinha q tinha ido dormir na noite anterior, e quando pensei em trocá-lo, vi que ele estava num soninho tão gostoso, que a gente já tinha guardado tudo nas malas, que eu estava com dor e ficar curvada para trocá-lo, só ia piorar as coisas, que só minha família estaria em casa nos esperando... Ou seja, pra que acorda-lo só pra por uma roupa que ninguem ia nem prestar atenção? Foi com a roupa que estava mesmo....
Bom, outro ponto mais que importante é dizer que o bebê não pode ir no colo, de jeito nenhum, mesmo que seja no banco traseiro!!! Só a cadeirinha garante segurança ao bebê e, com relação a isso, o pensamento tem que ser exatamente esse:  depois que aconteceu, não tem mais volta!!! Então, não deixe acontecer!
Outra dica que pode parecer boba, mas que a gente esquece com a correria dos preparativos para o nascimento é aprender bem como as cadeirinhas funcionam, antes de ir pra maternidade. Parece bobeira? Tente acertar como abrir e fechar a trava do cinto de segurança de qualquer cadeirinha, sem errar, na primeira vez. Parece tão simples quando a vendedora da loja nos mostra, no momento da compra.... Por isso é importante saber como tudo funciona, porque, na hora de ir embora do hospital, eu já vi muita mãe desistir de por o bebê na cadeirinha ou levá-lo sem o cinto de segurança, devido a esse detalhe.
A chegada em casa, também é outro momento delicado. Pense que você irá chegar cansada dos dias - e principalmente das noites - passadas no hospital, provavelmente com dor ou incomodo, ainda inchada, na maioria das vezes, então é importante programar esse momento. Onde colocar o bebê ao entrar em casa? Aonde guardar as malas? Quem vai estar na sua casa te esperando? Vai ser hora do almoço ou jantar? Quem vai estar responsavel pela casa e pela alimentação de todo mundo nesse dia?
É a partir da chegada com o bebê em casa, que se inicia uma nova etapa na vida da mulher e dar inicio a essa nova rotina pode não ser fácil, por isso é realmente importante ter tudo mais ou menos programado, dividir antecipadamente as responsabilidades, para que esse momento seja de tranquilidade e confiança.
Eu, particularmente, acho o puerpério uma das fases mais importantes na vida da mulher. Nunca houve uma mudança tão radical e que exija tanto, como esse momento, então, ainda vamos falar muito sobre isso. Quero contar tudo que deu certo e que não deu certo pra mim, e reforçar o quanto "ouvir o pediatra" é fundamental nessa hora.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Maternidade em um Hospital-Escola

Estava dando uma lida em outros Blogs de mães que eu sigo e me deparei com um comentário interessante, que acabou gerando esse post. Vou tentar mostrar o outro lado, do que é um parto em um hospital escola, pelo lado de quem primeiro estudou e depois trabalhou em alguns deles.
Bom, como já venho comentando em vários posts, eu acredito que tudo seja uma escolha da mulher, desde o tipo de parto, até o hospital em que ela vai realizar esse parto. E não vamos esquecer que essas duas decisões estão intimamente relacionadas, não adianta você querer um parto normal, em um hospital que não tenha estrutura para isso, e nem uma cesárea, num hospital em que a política é presar pelo parto normal.
 E onde o Hospital-escola entra nisso? Bom, você pode escolher ter seu filho em um, não? Ou o Hospital ao qual você tem acesso na sua cidade é um. Então, vamos falar dele.
No Hospital-escola, os médicos em formação e também, muitas vezes, os profissionais de áreas correlatas à medicina, estão aprendendo como lidar com os casos, como examinar os pacientes, fazer diagnósticos, realizar procedimentos, e indicar e realizar tratamentos.
vou me ater mais a área médica, que é a que eu vivenciei, ok?! Pessoal das outras áreas, sintam-se a vontade para expressar o seu lado, também!!!
 O estudante de medicina normalmente passa em grupo em todas as chamadas grandes áreas da medicina: clinica médica ( que forma o clínico geral), cirurgia ( que forma os cirurgiões), ginecologia e obstetricia e pediatria. E cada turma vai variar no numero de alunos, dependendo da instituição, e vai ser supervisionada por um médico formado e com especialidade naquele assunto, com cargo de professor naquela instituição. Quando o estudante de medicina esta nos anos finais de sua graduação, ele passa por uma fase chamada internato, onde as aulas teóricas são poucas e o estudo se baseia na prática clínica. Ou seja, o aluno normalmente atende e examina antes o paciente, sozinho, em duplas ou grupos, pra depois chamar o professor, que pode ou não repetir todo o exame e as perguntas, para se certificar de que tudo foi feito da maneira correta e então auxiliar os alunos no diagnostico e iniciarem o tratamento. Não existe outra maneira de um médico em formação aprender o que fazer com os seus pacientes, do que desta forma.
Com relação aos procedimentos, entre eles, o parto normal e a cesariana, o estudante não pode fazer antes e depois chamar o professor, para depois discutirem se tudo esta correto, então, normalmente, o professor faz tudo junto os alunos, e vai explicando o que esta fazendo para os alunos aprenderem. O professor vai fazendo e explicando, e os alunos vão vendo para poder aprender. É assim que funciona. Não tem outro jeito de aprender...
Especificamente falando dos partos, como a mãe não esta sedada - na grande maioria das vezes -  ela acaba ouvindo a explicação do professor, e isso pode ou não ser desconfortável para ela. Assim como a presença dos alunos na sala de parto.
No comentário que eu li, a mãe falou que se sentiu uma cobaia porque ouvia o professor explicando como se fazem os pontos cirúrgicos numa episiotomia ( aquele corte feito no períneo para liberar melhor a passagem do bebê e que muitas vezes é feito para que não haja laceração do local). Se você for a um hospital-escola, não se sinta assim! Você nunca vai ser cobaia de nada, porque quem esta te atendendo é um especialista na área, e quando forem os alunos, eles tem que ser totalmente supervisionados pelo professor. Você estará colaborando para a boa formação médica e com isso garantindo um bom atendimento para toda a população. Como eu falei anteriormente, não há outra forma de aprender.
Mas, até agora, você deve estar vendo apenas o, digamos, "lado ruim" de ser atendido em um Hospital-Escola, mas existe também uma grande vantagem. Os professores de Escolas de Medicina, em sua grande maioria, são os médicos mais especializados e mais atualizados em sua áreas. Você estará sendo atendido por quem mais entende do assunto, e se seu caso for grave, eles com certeza irão saber o que fazer!!
Você pode, então, me perguntar a respeito do uso de bonecos, esses que agora reagem como seres humanos. Sim, eles tem reações muito semelhantes a de um ser humano e servem muito para que o futuro médico se prepare para as diversas situações do dia a dia, mas nunca, jamais será a mesma sensação de fazer uma nascimento de verdade, olhando para os olhos cheios de lagrimas e emoção da mãe, de segurar aquele bebezinho que você sabe que é tão amado e tão esperado por aquela família. A responsabilidade sobre as suas costas jamais será a mesma. A angústia de atender um paciente grave, sabendo que sua família, pais, filhos, esposa, marido, estão ali, do lado de fora da porta, rezando pelo seu familiar, rezando para que você saiba o que fazer. Não, isso jamais vai poder ser aprendido com bonecos. Então, se você for a um Hospital - Escola, saiba que você, além de ser atendido, de ter o seu caso amplamente discutido com os melhores profissionais, vai estar colaborando para que o bom atendimento se perpetue.
Aproveite também para fazer a sua parte, colabore com o professor e os alunos, mas se algo a incomodar, uma situação, um comentário, chame um responsável, o professor, a enfermeira, e bote a boca no trombone!!
O hospital, escola ou não, é um lugar de respeito. De ambos os lados, dos profissionais para com o paciente e vice-versa!!
Você conhece um Hospital- Escola? Trabalha em um? Já foi atendido em um? Conte pra gente a sua experiencia!!!

Os cuidados na Maternidade.

Bom dia, mães!!! Hoje vou falar de algo um pouco mais técnico, algo que eu costumava falar nos cursos de gestantes que eu ministrava há alguns anos atrás e que acho muito importante e por isso resolvi comentar.
Ao ver o seu bebê pela primeira vez, ainda na sala de parto, busque por alguma característica especial, que o identifique de imediato: um nariz de batatinha, um monte de cabelos ou uma carequinha, uma manchinha ou marquinha especifica, para que isso facilite para você identificá-lo quando o trouxerem de volta para você.
Não se sinta diferente dos outros, nem pense que você jamais confundiria o seu bebê. Bebês são muito parecidos ao nascimento, e se isso não acontecesse, não teríamos nenhuma troca de bebês nas maternidades, não é mesmo?! E essas trocas são mais comuns do que imaginamos...
O seu bebê tem que ser identificado por pulseirinhas assim que nasce, ainda dentro da sala de parto, preste atenção na pulseirinha quando a enfermeira vier te mostrar! Veja se seu nome esta escrito de forma correta e legível, para que não haja nenhuma confusão posterior.
Dependendo da Maternidade que você estiver internada, principalmente se for um hospital-geral, público ou privado, podem haver muitas pessoas - muitas mesmo - de diversas áreas, trabalhando e estudando nesse hospital, desde técnicas e auxiliares de enfermagem, enfermeiras- padrão, médicos, fonoaudiólogas, fisioterapeutas, psicólogas, entre outros profissionais e os estudantes e estagiários de todas essas áreas, então, cuidado. Sempre que alguém entrar no seu quarto, verifique se há alguma informação em seu uniforme ou jaleco, se a pessoa não se identificar (o que é errado), pergunte quem ela é. Se a pessoa pedir para levar o seu bebê, pergunte para que e para onde, como eu disse são muitas pessoas diferentes circulando por um hospital e nem sempre há um controle muito rigoroso da entrada e saída dessas pessoas.
Outro ponto a prestar atenção é na realização dos 4 testes de rotina do recém-nascido, que são: teste do pezinho, teste da orelhinha, teste do olhinho e teste do coraçãozinho. Todos os bebês tem que realizar esses quatro testes logo ao nascimento, ou nos primeiros dias de vida. Em muitos hospitais, todos são realizados durante as 48h de internação, mas se o hospital que você estiver internada eles não realizarem, eles tem que ao menos te encaminhar para a realização desses exames, na alta da Maternidade.
Vamos saber um pouco de cada um deles:
1) Teste do Pezinho: na verdade, é um exame de sangue, onde este é retirado, em forma de gotinhas da região do calcanhar, por esta ser uma região bastante vascularizada e por isso, ser de mais fácil coleta, não sendo necessário "pegar uma veia" do bebê. Nesse teste são investigada várias doenças, como fibrose cística, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, entre outras. Mas, esse não é um exame para ver a presença de nenhuma síndrome genética, como Sd de Down, e nem é utilizado nenhum tipo de contraste para a sua realização. O teste do Pezinho feito pelo SUS é de graça e obrigatório por lei em todo território nacional, mas existem outros testes que são pagos e pesquisam mais doenças, que também são mais raras que as pesquisadas no teste do SUS.
2)  Teste da Orelhinha: é um teste de acuidade auditiva realizada pela Fonoaudióloga.
3) Teste do Olhinho: não é um exame de acuidade visual. O exame é simples e vai verificar a presença do reflexo vermelho, semelhante ao que acontece quando vemos que o olho sai vermelho em fotografias. Isso acontece porque as estruturas do olho são transparentes e podem ver o reflexo dos vasos sanguíneos ao fundo da estrutura ocular, quando há algum obstáculo nesse eixo visual, esse reflexo não ocorre e a criança deve ser encaminhada para o especialista. Muitas doenças oculares quando detectadas ao nascimento tem um prognóstico muito bom.
4) Teste do Coraçãozinho: esse teste pode ser realizado pelo pediatra ou pela enfermagem, e serve para identificar problemas cardíacos potencialmente graves que podem não ser identificados pelo exame clínico de rotina.
Lembre-se, todo o cuidado é pouco com o seu bebezinho, mas sempre com bom-senso e sem neuras!



domingo, 6 de julho de 2014

Os dias na Maternidade

Chegou a hora de ficar com o bebe!! O momento maravilhoso em que, depois de passada a recuperação anestésica, você vai para o quarto e seu bebezinho é trazido novamente para junto de você, lindo, com a roupinha que você escolheu e que passou semanas, as vezes meses, pensando em como ele ficaria dentro dela!
Bom, no meu caso, a roupinha não ficou exatamente como eu esperava e meu bebe estava com aquela cara de joelho inchado, que a maioria dos bebezinhos nascem... Hahahaha. Fazer o que, né?! Bem, a primeira coisa que eu fiz foi tirar aquela roupa horrível e colocar uma outra escolhida ali mesmo, de ultima hora! Ou seja, gastei um dinheirão nessa tal de primeira troca e quando fui ver, percebi que não tenho nem uma foto dessa roupa!
 Primeira verdade que ninguém nunca me contou, muito menos os livros de pediatria: as roupas da maternidade são uma grande bobagem! Pelo menos foram para mim!!
Quanto à carinha, se o seu nascer com  cara de joelho como o meu, não se desespere! Eles mudam muito!! E acabam ficando muito bonitinhos depois!!! Ou é o seu olho de mãe que vai vê-lo como o bebê mais lindo do mundo!
Quando você chega ao seu quarto da maternidade, é bom olhar bem para ele e saber que esse será o seu lugar pelas próximas 48h, aproximadamente. A grande maioria dos hospitais - todos os que já trabalhei - funcionam dessa maneira, estando tudo bem com a mãe e com o bebê ambos recebem alta após 48h do parto, isso se essas 48h não acabarem de noite, aí, na grande maioria das vezes, você só recebe alta na manhã seguinte.
Essas 48h não são à toa, esse pós-parto imediato, seja ele de parto normal ou cesariana, é importante que seja monitorado pela enfermagem, que sejam administradas as medicações necessárias para a proteção da mãe e do bebê. Então, nada de vir com essas bobagens de não aceitar medicações para você ou para o bebê, elas são importantes para prevenir doenças, para que ambos se recuperem mais rápido e possam ir para casa em segurança!
E também é tempo de aproveitar para aprender a cuidar do bebê, trocar fralda, dar banho, amamentar, tudo isso é ensinado na maternidade! Aproveite!
Eu mesma passei por uma situação interessante. Quando foram me chamar para assistir ao banho demonstrativo, aquele banho em que as enfermeiras te ensinam a dar banho no bebê, eu estava sozinha no quarto com a minha mãe, meu bebê estava no berçário, e minha mãe, vendo que eu estava com dor e cansada, falou para a enfermeira que eu não precisava ver o banho porque eu era pediatra. Legal! E quem falou que nos livros de pediatria ensinam a dar banho no bebê?? Ensinam a tratar pneumonia, resfriado, meningite, etc, mas não ensinam dar banho no bebê!!!!!! Resultado: ao chegar em casa, fui lá procurar no google: como dar banho no bebê! Pode rir.... Rssss
Moral da historia: quando a enfermagem vier te ensinar os cuidados com o bebê preste muuuita atenção e não deixe ninguém interferir, nem a sua mãe, mesmo que ela tenha a melhor das intenções!!!!
Não existe pessoal mais treinado nos cuidados com o bebê e com as técnicas de amamentação do que o pessoal de enfermagem e fonoaudiologia das maternidades, eles lidam com isso diariamente, então, aproveite ao máximo, deixe que te ajudem a posicionar o bebê, escute com atenção as orientações do pediatra e do obstetra, tudo isso vai facilitar quando chegar em casa...
Esse foi outro ponto difícil pra mim... Acho que pelo fato de saberem que eu sou pediatra, todo mundo achava que eu não precisava de ajuda, que eu sabia tudo como tinha que fazer. A única pessoa que veio posicionar meu bebê ao seio foi a pediatra que me acompanhou na maternidade.... Isso realmente não foi bom para a amamentação do meu bebê, mas vamos falar disso mais adiante...
Então, lembrem-se de pedir ajuda quando sentirem que as coisas não estão funcionando ou se você não estiver confiante no que esta fazendo. Você só tem 48h antes de estar sozinha pra cuidar do seu bebê. Aproveite!!

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Parto: a minha escolha

Bom, ainda no assunto parto, vou contar um pouco de como foi a minha escolha.
Acho que a minha vida inteira, quando me perguntavam que tipo de parto eu gostaria de ter, eu sempre respondi sem sombra de duvidas que seria por cesarea. Muito facil de responder quando isso ainda é apenas uma resposta hipotetica na sua vida, mas quando a escolha se torna real, tudo fica muito mais dificil.
Quando comecei realmente a pensar a respeito, muita coisa me passou pela cabeça, a dor do trabalho de parto, o medo da cirurgia, o pos-parto, em ambos os casos, etc... Mas, tinha algo que pulsava mais forte, escondido dentro do meu peito, um medo misturado ao desejo de um parto normal.
Aquela vontade de tentar, de descobrir o quão forte eu teria que ser, de sentir o meu bebe vir ao mundo através do meu esforço.
Comecei, então, a buscar um local onde eu me sentisse segura e confortável em realizar o parto normal. Mas, eu tinha um problema, nessa época eu estava morando em uma cidadezinha sem muitos recursos, e muito longe da minha família e eu queria ter o bebê perto das pessoas que eu amo. Isso, sozinho, já seria um problema. Quando eu estava nas ultimas semanas de gestação, fiquei muito edemaciada e fui afastada de meu trabalho pelo meu obstetra, e voltei para ficar na cidade dos meus pais, enquanto meu marido ficou na outra cidadezinha. Estávamos separados por cerca de 800km a poucos dias do bebe nascer. Era realmente um momento decisivo, se eu resolvesse esperar entrar em trabalho de parto, meu marido, muito provavelmente perderia o nascimento do bebe, se eu optasse por um cesárea eletiva,  meu marido poderia ser liberado e vir acompanhar o parto. Dá pra imaginar o que eu escolhi, não é mesmo?
Fui eu para a cesárea eletiva. Com a sorte de ter entrado em trabalho de parto na noite que antecedeu a data da cesárea.
Mesmo com medo, mesmo achando que tudo poderia ser de outro jeito, eu tinha meu marido, meu companheiro de 15anos juntos, ao meu lado. Naquele momento, a escolha valeu a pena.
E como que se para me mostrar que essa havia sido realmente a escolha correta, quando romperam a bolsa, o liquido amniótico estava meconial, ou seja, o bebê já estava em sofrimento, já estava passando da hora de nascer, se eu tivesse deixado o parto normal evoluir, não dá para saber se tudo teria dado tão certo para o meu bebê, como deu, com o parto cesárea.
Para reforçar o que eu disse no post anterior, meu parto cesárea foi exatamente como eu contei, com pessoas que o retiraram com o esforço e a delicadeza necessários para o momento, com a sala aquecida, com os paninhos que o envolviam também aquecidos, levado ao bercinho aquecido, gentilmente aspirado, porque havia mecônio e isso era muito recomendado, limpo e trazido para mim, pelo pai,  para que eu pudesse tocá-lo, sim, tocá-lo, porque minhas mãos estavam soltas, e já iniciou a amamentação ali mesmo, me olhando e se sentindo amado e seguro.
Não chorou nenhuma vez, apenas me olhou, o tempo todo.
Então, quando a cesárea acabou e eu precisaria ir para a recuperação anestésica, ele já estava no período de sonolência do pós parto, e foi dormir no bercinho aquecido do berçário, onde toda a família pode ver seu primeiro banho, também em um ambiente controlado, quentinho e protegido. Colocou a roupinha que eu havia escolhido e ficou esperando a mamãe se recuperar, indo assim que eu fui para o quarto, se encontrar comigo, onde permanecemos juntinhos.
E assim, meu bebê veio ao mundo não apenas como eu havia escolhido, mas como foi necessário, para que ele viesse saudável, e eu e ele estivéssemos rodeados da nossa família. Sem neuras.


quinta-feira, 3 de julho de 2014

A escolha do parto - 2

Ainda não consegui mudar o primeiro tema! Rssss
Alias, mudei o que eu ia escrever porque li algo que me indignou muito. Uma pessoa falava de modo muito ruim a respeito do parto cesarea...
Ora, ora... Pra quem não acompanha o cuidado com que é feita uma cesareana pode imaginar que é um frio procedimento cirurgico, acontece que não é!!
Como eu falei no post anterior, eu já acompanhei um sem-numero de partos, normais, cesareas, a termo, pre-termo, emergencias, tudo e o que eu posso dizer de mais concreto é que tudo é feito com cuidado e delicadeza. Somos humanos, temos sentimentos, gostamos do que fazemos, e somos bem treinados pra fazer o melhor para cada bebe.
Em uma cesarea, o bebe é mostradi pra mãe e depois levado para o berçario, assim como no parto normal! E é manipulado com delicadeza, só é aspirado se há necessidade, e o ambiente é mantido aquecido, assim como o bercinho dele, e os paninhos que o envolvem.
Estou contando o que eu vivo, como eu trabalho e como trabalham as pessoas que eu conheço e convivo. Agora, todo mundo acha lindo o parto humanizado, na agua, em casa, etc... até o bebê nascer com problema, até o parto evoluir de forma inadequada, aí faz o que? Corre para o hospital com o bebe no canal de parto?  Com o bebe nascido e sem assistencia??
Eu acho os dois tipos de parto muito bonitos, feitos com cuidado e carinho, num ambiente controlado e com o menor risco possivel para a mãe e para o bebe.
Acho que ainda vamos continuar falando sobre isso, como sempre de modo pratico, claro e aberto. A realidade que eu vejo e que eu vivo, que eu sei que não é exatamente a de todos os hospitais, mas é a que eu tenho como falar, pois é a que eu conheço. E vamos nos abrindo, falando de nossas experiencias e ansiedades com a chegada do bebe. Sem neuras.


quarta-feira, 2 de julho de 2014

A escolha do parto

Vamos começar falando de parto, já que é quando eu comecei a me sentir realmente mãe!
Eu optei pela palavra "escolha" porque realmente acho que tudo que se relaciona com o corpo da mulher deve ser de escolha dela. Nada deve ser imposto, mas tudo deve ser muito bem explicado e nessa hora, todas as formas de informação são validas, mas com o devido critério.
A experiencia de um pode não servir para o outro, a realidade de um é diferente do outro. Hoje, o meu tema inicial esta na moda, discute-se tudo e acha-se culpados para tudo, desde o médico que induz a paciente a fazer cesarea, até a naturalista que quer parto na agua.
Com relação à parte médica, eu vejo e vivencio as situações "pelo outro lado". Acho interessante quando leio que o medico induz a mãe a determinado tipo de parto, ou quando algumas pessoas escrevem que não encontram um medico que faça o parto normal sem cobrar a mais por isso. Pois é, medicina é profissão, é de onde o médico tira o dinheiro para pagar suas contas, se ele ficar acompanhando um parto normal o dia todo, o que ele vai dizer para todas as pacientes que estavam agendadas em seu consultorio? Então, não tem jeito, ou o medico esta de plantão no hospital que você vai ter bebe, ou ele não vai ter disponibilidade pra acompanhar o parto normal, a não ser que isso esteja previamente combinado.
Com relação aos partos fora do hospital, como pediatra, eu sou absolutamente contra! Se você já viu os lindos videos de quem já teve parto no mar, na banheira ou no chuveiro de casa, ou em qualquer outro lugar e ficou encantada, você provavelmente nunca viu um bebe nascer com complicações e precisar de assintência imediata, porque se tivesse visto, você com certeza, não ficaria encantada, porque todos os riscos aos quais o bebe esta exposto ao nascimento passariam pela sua cabeça, como passam pela minha!!!
Então, em ambiente hospitalar, nos sobra duas possibilidades, o parto cesarea e o parto normal. Em todas as maternidades que eu conheço, se uma mãe chega em trabalho de parto e não há nenhuma alteração, o médico que esta de plantão vai acompanhar o trabalho de parto até o nascimento. Então, porque há tantas cesareas? Porque a maioria das gestantes já vem para a sua cesarea eletiva no horario combinado. Comodidade do médico? Da mãe? A verdade é que há uma imensa falta de informação! Como já disse a respeito do médico, acima, não vou me repetir, mas e a mãe? Tem medo da dor. Essa é a grande explicação que todas dão ao escolher pela cesarea o que só reforça a falta de informação. A cesarea doi. Ponto. É uma cirurgia, com direito a um pós-operatorio bastante tumultuado, com um bebezinho totalmente dependente de você, para cuidar. Então, pode ter certeza: dói. Parto normal, também dói, tem a episiotomia que também dói, mas é só passear por uma grande maternidade para ver a nítida diferença de uma mãe no primeiro dia pós cesarea cuidando de seu bebê e uma mãe pós parto normal. Por mais que a episio seja dolorida, é um detalhe perto da dor de uma cirurgia. Agora, tem o outro lado, no parto normal, o medico tem menos controle sobre o que esta acontecendo, tudo é monitorado, contrações, batimento cardiaco do bebe, mas essa monitorização não é continua - e nem tem como ser - e o bebe pode estar bem agora, e no minuto seguinte ocorrer um problema e iniciar o sofrimento fetal. Isso é um risco a correr no parto normal. Na cesarea, tudo é mais monitorizado, mais sob controle, tanto mãe quanto bebe estão mais na mão do médico.
Visto tudo isso, por que, então se diz q a cesarea leva a maior complicações e maior risco. Bem, isso é o que "se diz", mas segundo a sociedade brasileira de ginecologia e obstetricia, o risco pos parto é quase o mesmo no parto normal e na cesarea. Ou seja, parir é um risco, para a mãe e para o bebê, em qualquer dos metodos.
Nossa, então, como "escolher"?? Conversando. Conversando com amigas que já passaram pela experiencia, com familiares que se preocupam com você e com o bebê que vai chegar, mas principalmente, comversando com o obstetra e com o pediatra, para saber a fundo os prós e contras de cada método. Na realidade, na verdade nua crua, não no mundo ideal que gostariamos que fosse. Só assim pra conseguir decidir qual o mais adequado pro seu corpo, pra sua cabeça e pra sua realidade. Sem medo do que vão pensar ou dizer. Sem neuras.

Hora de começar!!!
Pensei muito antes de começar esse blog, acho q vou ser incompreendida por muita gente, mas ser mãe e pediatra ao mesmo tempo, é bom e é complicado. É bom pela segurança que traz e complicado pela pressão que depositamos sobre nós mesmas.
Há uma semana, eu resolvi separar meus lados mãe e profissional e assumir de vez o meu papel de mãe sem neura!!
Bom dia!!
Lindo dia pra se aventurar no mundo dos Blogs, não?!
Bem, foi lendo muita coisa sobre mães com as quais não me identifico, que resolvi começar a escrever sobre a maternidade que eu vivencio. Sem neuras! Sem frescuras, sem interferir em quem eu sou!! Se você também continuou a ser você mesma depois que o seu baby nasceu, puxe uma cadeira e fique à vontade, essa é a sua casa!!!!