quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Mais ensinamentos com a maternidade

Algumas de vocês devem saber que o Vince estava em investigação de alergia a proteína do leite de vaca (APLV), e devido a isso, fizemos um pouco mais de um mês de exclusão total de leite e ele não apresentou melhora significativa. Houve melhora do refluxo, que era um sintoma importante, mas a tosse e a dermatite persistiram. 
Voltamos no pneumologista na sexta feira passada e ele, diante desses fatos e da historia familiar, principalmente pelo lado do meu marido, muito forte para asma, pensou que talvez o Vince seja mesmo um bebe chiador, uma  dessas crianças que tossem muito e tem chiado no peito frequentes. 
Iniciamos o tratamento dado pelo pneumologista na sexta a noite mesmo e durante o final de semana, ele foi só melhorando. Até que no domingo a noite dormiu super bem, sem tossir nem uma vez! Foi simplesmente maravilhoso, levantar e ir ver ele dormindo tranquilo no bercinho dele. 
Esse é o Vince, dormindo tranquilamente, nas posições mais doidas... Rs

Agora, ele acorda feliz, sorrindo. chega feliz na escolinha, descansado, querendo brincar. É delicioso de ver!
E então, eu me peguei feliz da vida porque meu filho é chiador! Oi? Eu estou feliz porque o meu filho tem uma doença crônica, que vai acompanha-lo a infância inteira, vai faze-lo usar medicação quase continuamente e pode se prolongar por toda vida??? Que espécie de mãe sou eu????
Na verdade, esse foi um grande ensinamento que meu filho me deu.(mais um, pra ser sincera, porque aprendemos com eles todos os dias, não?!)
Eu me lembro de quando estava fazendo minha especialização em pediatria, e eu e minhas colegas, todas na casa dos 20 e poucos anos, com a maternidade ainda sendo uma realidade muito distante de todas nós, conversávamos abismadas que algumas mães pareciam felizes com o diagnostico dos filhos: - e a mãe ficou feliz quando eu falei que a criança estava com pneumonia, vcs acreditam? Dizia uma. E nos todas ficávamos sem entender como isso era possível....
Hoje, eu entendo.
Nenhuma mãe fica feliz que seu filho esteja com pneumonia, nem muito menos que ele seja um bebe chiador. A gente fica feliz de ter um diagnostico. Nesse ultimo mes, eu compreendi muito bem o que é imaginar que seu filho tem uma doença, começar o tratamento, e nada dele melhorar. Você vê que ele esta sofrendo, você esta dando os remédios e ele não melhora e você tem que esperar até o dia do retorno para mudar alguma coisa, quando você queria mudar aquela situação ali, naquele exato momento... Não é nada facil.
Então, te dão outro diagnostico e você acredita nele. Aí você começa a usar a medicação e a criança... melhora!!! Nossa!! É a melhor sensação do mundo!! Saber o que ele tem e tratar para ele ficar bom!!
Hoje, eu entendo.
A cada dia que passa eu percebo quanto meu filho me ajuda a crescer como pessoa e no meu caso, ainda me ajuda a crescer como profissional. Realmente, uma pediatra com filho é diferente de uma pediatra sem filhos. Diferente, não melhor ou pior, mas diferente. 
Hoje eu entendo e tudo graças ao meu Vince. 
São pouco mais de 9 meses, e eu já tenho tanto a agradecer...
Obrigada, filho. 


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

E o bebê ficou dodói


O Vince, essa semana, ficou doente. Ele passou super bem o final de semana e começou a apresentar uma febre baixa na segunda-feira a tarde (38°C). Essa febre evoluiu para um quadro que chamamos de bacteremia, quando há diminuição da perfusão periferica, cianose de extremidades, taquicardia, e respiração irregular, que pode preceder ou vir junto com o aumento da temperatura ( em outras palavras, ele ficou com a respiração bastante cansada, os pés, as mãos e os lábios arroxeados e tremendo bastante). 
Realmente, como a descrição dos sintomas mesmo mostra, não é um quadro muito agradável de ver o seu filho apresentar... Cheguei a coloca-lo no carro para leva-lo para a emergência, mas o quadro recrudesceu no caminho para o hospital e como esse quadro esta muito ligado a infecções bacterianas, mesmo sem achar o foco infeccioso, iniciei o uso de antibiotico via oral.
Naquela tarde, quando eu peguei o Vince na escola, ele já tinha um hemograma programado pra fazer que havia sido solicitado pelo medico dele e eu aproveitei e colhi também outros exames por causa da febre e a noite, quando chequei os resultados, estavam todos normais. 

Essa foto eu tirei no laboratorio, enquanto a gente esperava o raio X ficar pronto. Ele estava com febre, sonolento e irritado... Tadinho... :(

Ele continuou com febre por 3 dias, eu repeti os exames depois de 2 dias, que desta vez mostravam uma reação do organismo a infecção, mas continuamos sem achar o foco. No mais, apesar da febre ele manteve-se sempre brincando, rindo, e se alimentando muito bem. 
Na noite do terceiro dia, ao invés de febre, ele apresentou hipotermia (quando a temperatura fica menor de 36°C), o que na maioria das vezes, principalmente nas crianças abaixo dos 3 anos, tem o mesmo valor da febre, ou seja, é um sinal de infecção, só é mais dificil de lidar.  Para a febre, temos os antitérmicos, mas para a hipotermia, não há medicação. Embrulhei ele nas cobertas, liguei o aquecedor do quarto, e fiquei ao lado dele, esperando melhorar, o que só foi acontecer realmente por volta das 05h da manhã. 
Ele ainda teve outro episódio de hipotermia na manhã do quarto dia e então, finalmente melhorou. Desde ontem esta sem febre e sem hipotermia, esta usando o antibiotico, mantendo sempre o bom estado geral e a boa aceitação alimentar.
Esse é o Vince com 38,5 de febre, de olho no nosso pãozinho. Rsss

O que eu quero ressaltar contando essa experiência pra vocês é que: 
- nem sempre encontramos o foco da infecção, ou conseguimos saber exatamente o que esta acontecendo com o organismo da criança. E isso acontece com o filho de qualquer um, inclusive com o dos médicos e dos pediatras. 
- o que garantiu que o Vince não fosse internado para maior investigação do quadro foi o bom estado geral e a aceitação alimentar. Se ele tivese parado de se alimentar ou tivesse ficado abatido, quieto, era hora de ampliar a investigação. E isso é uma alerta pra todo mundo: mudou o comprtamento, parou de comer, é hora de voltar no médico.
- uso do antibiotico: normalmente não entramos com antibiótico sem achar o foco, ou aguardamos um, dois, até 3 dias de febre para depois pensar em começar o medicamento, então, porque eu fiz diferente? Por causa da bacteremia. Esse quadro feio que eu descrevi pra vocês no começo esta muito ligado a infecção bacteriana.

Resumindo: procure sempre o pronto atendimento, se:
- seu filho apresentar febre alta (>39°C)
- seu filho começar a ficar mais amoado, quieto e se recusar a comer, ou diminuir muito a aceitação alimentar
- seu filho apresentar tremores, pés, mãos ou labios arroxeados ou dificuldade de respiração (respiração irregular, parecer cansado). 

Ter uma criança doente em casa é sempre uma preocupação, mas é preciso ter paciência, dar tempo para o organismo da criança reagir e ficar atento ao aparecimento de novos sintomas ou mudança no quadro geral anterior. E sempre procurar dar conforto, carinho e atenção à criança nesse momento. Quando ela esta doente, não é o dia de corrigir nada, ela pode comer os alimentos que aprecia mais, pode mamar mais do que comer, pode dormir no seu colo, na sua cama, pode ficar de pijama o dia todo, etc... O principal que uma mãe deve fazer é encher a criança de carinho. 
Esse é ele ontem a noite, bem melhor, s febre, sem hipotermia. Graças a Deus!! 

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Birras... mas já?!

O Vince esta para completar 9 meses e há quase 1 mês já começou a apresentar aquele comportamento temido por todos os pais: a birra.
A birra acontece por uma dificuldade em lidar com o sentimento de frustração. A criança tem dificuldade em aceitar que não pode satisfazer todas as suas vontades no exato momento em que elas surgem. Aí, ela grita, chora, esperneia, se joga no chão, etc, etc... e faz os pais morrerem de vergonha, ou de raiva, mesmo.
O comportamento da birra é mais comum dos 2 aos 5 anos, mas pode começar antes e se prolongar até uns 8 anos, devido a inúmeros fatores, desde o tipo de ambiente familiar, até as características próprias do desenvolvimento da criança.
No caso de bebes, como o Vince, na maioria das vezes, o choro excessivo, gritado, que chega a doer os ouvidos e irritar profundamente até o coração mais terno de mãe, ocorre devido a dois fatores principais. Ou tem alguma necessidade básica da criança que não esta sendo suprida e nisso, entenda-se principalmente fome ou sono, mas pode ser também uma fralda suja, calor, frio, etc. Ou ele esta simplesmente entediado da atividade ou da rotina. 
O primeiro passo então, é ver se não esta na hora de alimentar ou de colocar pra dormir. O Vince tem uma rotina muito controladinha, ou seja, brincadeira-chorinho-alimentação-brincadeira-chorinho-sono. Ou seja, se ele começa com o chororô, é so se lembrar se ele comeu ou dormiu pela ultima vez, esta na hora do próximo. Normalmente, a birra maior dele é quando esta com sono, e como eu não acostumei ele a dormir no colo de jeito nenhum, é sempre bom ter um carrinho ou um bebe-conforto por perto, quando saimos de casa, porque no colo, é sempre muito pior. Se estamos em casa, é fácil, é por no berço, que ele se ajeita e dorme quase que instantaneamente. 
Agora, se acabou de dormir, ou de comer e começa o choro, tem que tentar distrair a criança, ou seja, caminhar até a janela e mostrar a rua, colocar um desenho, uma musiquinha que ele goste, fazer brincadeiras, dançar com o bebe no colo, etc. vale toda a imaginação dos pais, nessa hora.
Nessa idade, só não vale brigar. A criança não entende que seu comportamento esta errado, e devemos deixar o "Não!" para coisas realmente perigosas, como colocar a mão na tomada, querer pegar uma faca de cima da mesa, etc. Toda vez que tiramos algo da mão deles, ou que eles tentam pegar um objeto e são impedidos, o choro é a reação natural, e reflete o começo da dificuldade em lidar com a frustração, então, se for algo inofensivo, permita, mas se for algo que apresente risco, não pode deixar mexer e pronto. Tire o objeto de perto, diga o Não! e quando começar o chororô tente distraí-lo com outra coisa. 
E não adianta nada dar mil e uma explicações para o bebe e nem tentar falar o Não! cheio de dengo na voz. Os bebes entendem mais a expressão facial e o tom de voz do que as palavras propriamente ditas, então, coloque uma expressão seria no rosto, afaste o objeto e diga Não!. Ele vai chorar, ou (pior!) vai olhar pra você e abrir o sorriso mais lindo do mundo. 
E é nessa hora que a gente se derrete (vou ser sincera que até eu, as vezes, não resisto e sorrio de volta pra ele, é quase irresistivel!!), mas temos que ser fortes, principalmente se a lição a ser aprendida com aquele Não! for importante. Mantenha a expressão seria e leve o bebe para se distrair com outra coisa. 
É... e isso é só o começo... Quem disse que educar seria fácil??


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Noites mal dormidas... E a culpa era minha!

É dificil admitir, mas muitas vezes sufocamos nossos pequenos com tantos cuidados e excesso de zelo. E foi acontecer em casa, apesar de eu reforçar tanto isso para os pais no consultorio... 
Há mais ou menos 2 semanas, o Vince começou a acordar a cada 1 hora ou 1 hora e meia, choramingava e eu tinha que ir lá no qaurto dele, colocava a chupeta na boca e ficava com ele um pouquinho, e ele voltava a dormir. Isso estava acabando com a minha noite e com a dele também. Ele que sempre dormiu bem e acordava com um sorriso no rosto, começou a acordar irritado, bravo, não gostava de ser tirado da cama para ir para escolinha. 

Essa era a cara de poucos amigos... 

Eu achava mil e um motivos para o que estava acontecendo. É a crise dos nove meses que esta chegando, é o leite que nós mudamos, são colicas devido ao leite novo, é o nariz entupido, a tosse... enfim, motivos, eu encontrava de sobra.
Até que, há 2 dias, meu marido me viu trocando ele para dormir e falou espantado: você vai colocar tudo isso de roupa nele? esta calor! 
Bem, eu sou a pessoa mais friorenta do mundo, estou sempre de blusa de frio e nunca, nunquinha, durmo descoberta! 
Mas, nem todo mundo é igual a mim, meu marido estava atordoado, com o body de manga comprida, calça, meia e macacão que eu estava colocando no pequeno. 
então, eu resolvi seguir o conselho dele, troquei o body de manga comprida, por um de manga curta, deixei a calça de lado, colocando apenas a meia e vesti o macacão. coloquei no berço, ajeitei ele debaixo das cobertas, botei a chupeta na boca e ele se virou todo, se livrando das cobertas e embalou no sono.
Eu resisti bravamente a todos meus instintos maternos super-protetores e o deixei lá, descoberto...
E não é que ele dormiu a noite inteirinha!!! Eu acordei umas duas vezes e fui lá ver ele, continuava descoberto, mas ao toque, ele estava quientinho, fazer o que?! não mexi, e ele continuou dormindo. 
Há duas noites que eu deixo ele a vontade pra dormir como ele quiser, as vezes, chego no berço e ele esta com a cara enfiada no cobertorzinho preferido dele, mas dá pra ouvir ele respirando. Minha vontade é ajeitar ele todo de novo, mas eu me controlo e deixo ele dormir na posição que ele quiser. Não é facil, mas é certo. 
Ele já esta com quase 9 meses, consegue se virar na cama, pegar a coberta, tirar a coberta, deitar de barriga pra cima, de lado, de bruços. Chega uma hora que a gente tem mesmo que parar de interferir, mas é como se ele não precisasse mais desses meus cuidados, não é nada fácil ir vendo que ele deu mais um passinho em direção à sua independencia.
Após essas duas noites bem dormidas, ele tem acordado todo alegre, com um sorrisão no rosto, vai todo feliz pra escolinha, e eu também estou bem mais descansada. 
E agora, com a carinha bem mais alegrinha!!
PS- atras dele é a Mel, nossa cachorrinha, dando uma de "papagaio de pirata" pra sair na foto! 

As vezes, as coisas estão dando errado, a gente começa a buscar desculpas pelos nossos próprios erros. duas semanas de noites mal dormidas e a culpa era inteiramente minha.