segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

É preciso atenção às crianças.



Quando eu escolhi fazer pediatria, principalmente quando fui fazer UTI Pediatrica, muita gente me falava que não conseguiria seguir essa área porque teria pena das crianças doentes. Eu não focava na pena, sempre trabalhei com a esperança. As crianças ficam doentes e precisamos trabalhar em prol de curá-las. 
Mas foi enquanto passava meus dias de plantão que eu passei a notar quantas crianças sofriam acidentes, domésticos ou não, mas na maioria das vezes, evitáveis. 
Isso sim, começou a mudar meu comportamento e eu introduzi o tema dos acidentes domésticos nas minhas consultas, relatando os maiores riscos dentro de casa e incluía também a necessidade do uso regular da cadeirinha do carro. 
E assim chegamos ao tema tão importante que consternou tanto essa semana passada. 
Li muitos textos sobre isso, culpando o estresse da vida corrida e cheia de compromissos de hoje em dia, muita gente se solidarizando com a dor desses pais. 
Mal consigo imaginar o tamanho da dor desses pais... Porém, acho imprescindível olhar com seriedade para que esses casos não se repitam, assim como os outros acidentes tão graves quanto. 
É importante manter algo sempre em mente: criança precisa de supervisão. 24h por dia. 
A atenção à criança, ao que ela esta fazendo, onde esta indo, em que esta mexendo, evita a enorme maioria dos acidentes. 
Se você é o responsável pela criança naquele período dedique-se a isso, como você faria se tivesse um trabalho importante pra fazer. Concentre-se na responsabilidade imensa que esta embutida nisso. 
Na minha cabeça, apenas isso- a atenção à criança- seria suficiente pra que mais nenhuma fosse esquecida dentro do carro, mas como temos que imaginar que todos somos passíveis de erros e falhas, minha dica seria que, principalmente quando carregar a criança no carro não fizer parte da sua rotina, deixe algo que você vai precisar no banco de trás junto da cadeirinha, como sua bolsa, carteira ou celular, assim, você não vai esquecer de olhar pra trás antes de sair do carro. 
Não se sentir infalível, não pensar que com você não vai acontecer e fazer algo para evitar que essa situação aconteça com o seu filho, é o primeiro passo para que realmente não aconteça! 



terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O desenvolvimento da fala - com texto da minha querida amiga Simone, fonoaudióloga.

Gente, outro dia uma mãezinha aqui do Blog me pediu pra falar sobre o desenvolvimento da fala do bebe, e eu optei por chamar alguém que realmente entende do assunto, pra falar sobre isso. 

Chamei minha amiga Simone, que é fonoaudióloga, pra explicar pra gente sobre como a fala se desenvolve e como os pais devem agir diante dos filhos pequenos. 

Vamos conferir o que ela escreveu: 


"A FALA 

Você já deve ter ouvido “O filho da fulana começou a falar com tantos anos” ou “Fulaninho é mais novo que o seu e fala tudo certinho”...

Em primeiro lugar, temos sempre que considerar o ritmo de cada criança!

Não é porque o filho do vizinho tem 2 anos e já fala “Eu quero chupeta”, que o seu também precisa falar do mesmo jeito!

O segredo mais importante, em qualquer idade é: SEMPRE DÊ O MODELO CORRETO DA FALA.

Mas sempre mesmo!!! Quando está dando banho, comida, brincando...SEMPRE!!! É bonitinho falar como eles: “bebê quer pepeta”, “bebê quer tete”, “mamãe vai bincarnenê”... Mas não ajuda em nada no processo de aquisição da fala.

Porque é esse o modelo que ele tem! E isso não é a fala correta! E se você continuar repetindo as coisas do jeito dele, provavelmente você será mais uma mãe no consultório fonoaudiológico a espera de um milagre instantâneo! E as coisas não são assim! Mudar hábitos faz-se necessário para o bom desenvolvimento da criança, de modo geral, mas quando essas mudanças dependem, inicialmente, dos pais, temos que ser rigorosos. Pois os pequenos passam grande parte do dia na escola. No tempo contadinho que temos com eles, precisamos ser o melhor de todos os modelos que o cercam, nas atitudes, carinhos, conforto, e principalmente, na fala. É o que você faz, o que você fala que ele vai começar a imitar.

As crianças iniciam sua comunicação com o choro, e vão se aperfeiçoando a medida que percebem que estão sendo compreendidas. Balbuciam, falam um “enrolês” olhando para você como quem diz “entendeu o que falei?”, apontam e esbravejam quando percebem que não são compreendidas também!

Quanto a apontar para as coisas quando querem, o ideal é que os pais, professores ou cuidadores, apesar de sempre entenderem o que a criança está querendo, descrevam oralmente a situação. Por exemplo: A criança olha em cima da mesa e vê um caminhão. Aponta fazendo somhumm”. Não atenda de primeira, pois isso fará com que ela não se esforce para vocalizar o que está querendo. É claro que você já terá entendido o que ela quer, mas pergunte “O que você quer?” Ela vai apontar novamente, aí complete “Ah, você quer o caminhão?” Ela vai fazer uma “carinha de sim”, aí sim você pode completar a ação entregando-a o brinquedo.

Mas isso tem que ser feito sempre. SEMPRE!

Como toda criança em processo de aprendizagem, ela vai precisar de repetição. E as vezes, muitas repetições! Mas não desista! É um esforço que vale a pena, e depende, inicialmente de nós pais, e só! Você vai se orgulhar quando ele fizer a primeira tentativa de falar o que você já repetiu pra ele tantas vezes!

Ah! E jamais faça disso uma exigência do tipo “Se você não falar certo, não vou te dar o caminhão.” Isso só faz com que a criança se afaste das tentativas de comunicação. Fale sempre o correto, pois ouvir já é boa parte do caminho!

E quando devemos procurar uma fono?

Como mãe e fono, sou da opinião que o quanto antes melhor! Alguns pediatras orientam para esperar até uns 5 anos...particularmente, não concordo! Pois existem trocas fonêmicas simples que podem ser adequadas antes dessa idade, apenas orientando a família.

É claro que uma criança de 1 ano e meio, por exemplo vai falar sílabas e aos poucos vai juntando. Uma criança de 2 anos e meio já consegue formar frase, mesmo que com trocas fonêmicas, do tipo “dá bóia” (dá bola). Essas trocas são normais porque as crianças adquirem os pontos articulatórios aos poucos! Mas é importante que não permaneçam muito tempo. Se uma criança de 4 anos disser “dá bóia” para “me dá a bola”, já é preocupante. Pois ela já é capaz de formar frases mais elaboradas e sem trocas na fala. Isso se a família for colaboradora e essas trocas não fizerem parte da rotina dela. Por isso é importante a avaliação fonoaudiológica, pois a profissional vai conseguir mensurar a necessidade de haver a terapia ou apenas orientações esporádicas com a família."


Simone Vianello Bastazini Aguiar
      Fga. Especialista em Voz - CRFa. 13335
            (14) 9114-3897  

Essa é a minha amiga querida, de looonga data, Simone e o filhote fofo dela, o Caio. 

Obrigada, Si!!!

Bjos.